Maria João Veiga

Desde sempre viveu rodeada de palavras, as dos outros e as suas. Desde que se lembra que escreve, de início para si mesma, depois como necessidade de chegar aos outros. Inventava histórias, famílias, conversas, na sua infância de filha única, sobrinha única, neta única, o centro de muitos universos.

Cresceu sempre a escrever, como se fossem as palavras que a prendessem à vida. Ao mesmo tempo que escrevia, lia. Lê muito, até hoje, sempre com pilhas de livros ao seu lado, renitentes em arrumarem-se nas estantes porque deles pode precisar a qualquer momento.

Também como ofício, escolheu ser advogada, usar as palavras com precisão e astúcia, prontas para abrir mentes e novos horizontes. Em determinado momento da sua vida, escolheu dar som às minhas palavras e teve a rara felicidade de poder fazer rádio, onde durante anos defendeu dois programas, um sobre livros e outro sobre as palavras e a importância que elas têm na nossa vida.

Ainda jovem alterou o curso solitário da sua vida ao ter seis filhas e sabe hoje que nunca irá ser uma pessoa só.

 
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